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Paul em PoA – por Máucio

Na semana passada aconteceu uma apresentação histórica do ex-Beatles Paul McCartney em Porto Alegre. Que novidade, né?  Lembrei da música dos anos 80 que perguntava: será que um dia eles vêm aqui, cantar as canções que a gente quer ouvir? Não vieram não, mas enviaram um representante algumas décadas depois.

Indiscutivelmente, para os fãs, ¼ dos Beatles é ainda considerado Beatles, mesmo que muito tempo tenha se passado. É um fenômeno musical e mercadológico. 50 mil pessoas em um estádio de futebol, ao preço médio de 300 reais per capita, dá para calcular a soma rápida de 15 milhões de reais arrecadados, só de ingressos. Digamos que se pague a metade para o astro e a sua equipe, restam 7,5 milhões. Calculando que 3,5 são de despesas, sobram outros 4,0 milhões limpos no caixa. Sem falar nas outras fontes de renda.

Deixo claro que são apenas valores bem hipotéticos, não tenho a menor informação a respeito dos números. Ou seja, reivindico margens de erro, para mais ou para menos.

Meu irmão mais velho me questionou sobre o porquê de tanta euforia pelo show. Respondi que, em primeiro lugar, porque há uma rede de comunicação promovendo o evento, logo, a exposição midiática é muito grande. Por outro lado, tem a presença do Paul, o ex-Beatles mais marqueteiro de todos. Falou: bah, tchê!  Logo após, na Argentina, declarou: tenho o sangue latino! Essas coisas nem o papa ousou.

Por favor, não estou tentando diminuir a importância – cultural e comercial – do acontecimento. É um negócio como qualquer outro.

Em terceiro lugar, é preciso entender que os garotos de Liverpool realmente conseguiram atingir o gosto médio dos ouvintes, desde a década de 1960.  Com suas canções de amor e novos ritmos mais estridentes e alegres, conquistaram uma população sofrida em um contexto sem muita esperança no mundo capitalista marcado pela Guerra Fria.

Claro, atravessaram décadas, continuam pop, mas quem disse que algo mudou na sociedade?

Há, no entanto outro olhar possível, de viés social, que acrescenta mérito a esses músicos. Depois de mais seguros e maduros, John Lennon compõe Imagine, comprando briga com setores conservadores. Aliás, essa canção foi ¨proibida¨ nos EUA após o 11 de setembro. Por outro lado, Harrison escreve sua trajetória individual lançando My Swett Lord e cantando Bangladesh, quando chama a atenção internacional para a miséria do povo daquela região. Creio que essa tenha sido uma atitude pioneira para a época.

E o Paul faz o quê?

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10 Comentários

  1. ah o Paul lotou o beira rio em dois dias de vendas de ingresso. podia anunciar na radio guarathan que lotava do mesmo jeito. a rbs santa maria tá a 3 meses fazendo marketing para o luan santana e não vendeu nem metade dos 15 mil ingressos…

  2. Pois é… Acho que enquanto fenômeno do negócio dos shows o fenômeno merece ser analisado. Eu gosto e sempre gostei muito dos Beatles. No entanto, acho que é interessante analisar essa esteria toda! Não parece existir dúvidas que é muito mais que as músicas (ótima, do Paul e dos antigos companheiros): é o símbolo. Mas é o simbolo de um tempo absorvido e virou mercadoria. É claro que isso não tira o mérito do Paul como um excelente músico e, inclusive, como ativista contra minas terrestres e proteção dos animais, etc… Mas parece que é algo como o Che Guevara virar marca de camiseta! Isso é triste… e Jonh Lennon acho que já sabia disso quando cantava “The drean is over”!

  3. Paul é um ativista na proteção dos animais e na luta contra as minas terrestres. São duas causas bem interessantes que, talvez por não serem pioneiras ou talvez por ele ainda estar vivo, não chamem tanta atenção.
    John nunca quis que Imagine se tornasse o hino que se tornou, e ele próprio repudiou a música algum tempo depois.
    Política e engajamento à parte, Paul é o artista mais bem sucedido da história da música popular. De todos os ex-Beatles, foi o que teve a carreira mais sólida.

  4. Paul veio a Porto Alegre e fez o que seus fãs esperavam que ele fizesse. Cantou e encantou. Comprovando mais uma vez a razão pela qual movimenta o mundo da música a 50 anos.

    Eu estive no show e sou fã de Beatles e da carreira solo de Paul McCartney desde sempre. Sinceramente, me senti 100% satisfeita com o investimento.

    As pessoas que foram ao show, receberam em troca do que pagaram, um verdadeiro espetáculo com um verdadeiro artista (que coloca em questão muitos artistas com menos bagagem e reconhecimento, e que pouco se importa com o público que anseia por assisti-lo).
    Todos que estiveram lá, se depararam com um artista preocupado em agradar o público que o prestigiou, ensaiando palavras em portugues e envolvendo a platéia com seu trabalho e seu talento.
    Paul tocou com qualidade e emoção, durante 3 horas de show, 37 músicas que marcaram para sempre a história do rock/pop mundial.

    Não é necessário buscar justificativas para todo o alarde que causou. O trabalho fala por si só. Ele é uma referência musical e tanto.
    Negar o reconhecimento ao melhor compositor do milênio (segundo BBC News) e ao compositor da canção mais regravada na história da música (yesterday) é demais.
    E os Beatles? 40 anos depois do fim da banda, os 4 garotos de Liverpool AINDA são responsáveis pelo maior número de cançoes na posição 1 das paradas de todo o mundo. Isso não é influencia suficiente na história da música?
    Paul fez isso, juntamente com os outros 3. Acho que isso já é uma grande coisa. Mesmo que sua carreira se resumisse so a isso, ainda assim, seria louvável.

    Todos os méritos de um bom trabalho, não podem ser omitidos em questionamentos sem grande relevância. Grandes artistas merecem reconhecimento a altura do bom trabalho que fazem.

    Saudações!

  5. Uma boa pergunta, Maucio. Boas considerações sobre esse fenômeno que ocorreu em P.Alegre.
    Melhor ainda é lembrar o show de Harrison para os miseráveis de Bangladesh. Pra gurizada daquele época, o show, o disco, tudo isso marcou muito. Um outro mundo se descortinava para nós: os da miséria do então Terceiro Mundo.
    Músicos também podem prestar este serviço, a gente se dava conta.

  6. Músicos fazem músicas, se elas influenciam em mudanças políticas de vez em quando, não quer dizer que todo músico deva sair salvando o mundo. Já não basta aquele U2, com aquela pieguice toda, falando de direitos humanos para as pessoas desmioladas que ouvem as músicas deles.

  7. Entendo quem faça descaso da vinda do ex-Beatle a PoA, mas negar sua importância não apenas na música é pura birra! Muita coisa que se ouve hoje em dia tem influência muito forte deste grupo, sem falar nas inúmeras regravações de quase tudo que eles lançaram. Não sou um fã apaixonado mas gosto de ouvir “um Beatles” de vez em quando, respeito e acima de tudo admiro uma das maiores, senão a maior, banda de rock (ou pop rock como preferirem) da história.
    Abraços!

  8. O Paul ganha muito dinheiro, além de ser vegetariano! 🙂 Está um velhinho em forma e é/foi uma simpatia no palco. o que desfaz a imagem do inglês sisudo, antipático!
    E, pensando em certa classe artística brasileira que foi vanguarda, alguns até exilados políticos e, hoje, são de direita, melhor um artista continuar compondo canções românticas, ganhar dinheiro com isso e não se atrever a jogar, no lixo da história, um passado do qual poderia se orgulhar. Nesse ponto, o Paul não engana a que vem.
    Beijo!

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