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Crise no Piratini. O vice é um montão de coisas. Com certeza, porém, desequilibrado não

Se acirram as discussões em torno dos porquês de tamanha discrepância entre a governadora do Estado, Yeda Crusius, e seu vice, Paulo Afonso Feijó. Ela, do PSDB; ele, do DEM (ex-PFL). Aprendi, ao longo de muitos anos de contato jornalístico com os militantes políticos, que uma coisa é o embate de idéias. Este, por vezes, beira (e até eventualmente ultrapassa) a rispidez. Outro, a convivência pessoal.

 

Para não ir muito longe, fiquemos com a Câmara de Vereadores de Santa Maria. Não é incomum, muito longe disso, o bate-boca na tribuna. Já vi gente parecer que ia partir para confronto físico, defendendo (e atacando) idéias. Terminada a sessão, ou mesmo apenas o pronunciamento furioso, e estavam os dois (ou três, ou quatro) detratores se abraçando cordialmente no plenário.

 

Enfim, há que se separar uma coisa da outra, foi o que aprendi. Não, ninguém precisa ser necessariamente amigo. Mas a cordialidade é coisa presente na política. Pelo menos na política gaúcha. Aliás, e curiosamente, é mais fácil que o desforço físico entre oponentes ocorra dentro de um mesmo agrupamento ideológico do que entre contrários. Só que, quando isso acontece, a perda é da agremiação – não da sociedade.

 

Bem, mas voltemos à desinteligência no Palácio Piratini. Ali, ainda não há um diagnóstico preciso. Mas se pode investigar. E é possível que tudo tenha começado no erro (que uns e outros parecem admitir hoje, embora seja complicado e difícil) de origem. Isto é, a pretexto de ampliar o horário de propaganda eleitoral no rádio e na TV, a tucana Yeda Crusius queria por que queria cooptar o PPS de Nelson Proença (que fingiu tanto que iria concorrer ao Governo que ele e seus companheiros pareceram acreditar) e seus minutos adicionais na mídia eletrônica.

 

Por conta disso, e na undécima hora, fechou-se um acordo. E aí é que Paulo Feijó, que se contentava em concorrer (sem chances) ao Senado, viu-se catapultado à vice-governança, cedendo espaço para o novo aliado, o PPS, que apresentou o nome de Mário Bernd. Aliás, esse também não é exatamente um sujeito de modos cordiais – mas como foi derrotado, o que aconteceria inevitavelmente com Feijó, está hoje em posição secundária, no BRDE. E pode ser demitido, se for o caso, ao contrário do vice-governador.

 

Então, é isso. Não se sabe como terminará tudo. O certo é que, inclusive pela personalidade de Yeda e Feijó (e ela não é muito diferente dele, no que toca a temperamento), há o risco de um comprometimento do governo. Só o que não se pode dizer é que um é desequilibrado, como a governadora alcunhou seu desafeto. Isso ele não é, como atestam todos os que com ele convivem ao longo de muitos anos. É uma montanha de coisas, menos um sujeito com problemas mentais. Podem crer.

 

Ah, pra finalizar: do jeito que a coisa está, com certeza Yeda Crusius não poderá se afastar nunca do governo. Ou Feijó assume – e, pra começar, demite a diretoria do Banrisul, como prometeu.

 

Só uma perguntinha: imagine, por hipótese (que nem é tão remota), que uma reforma política leve à obrigatoriedade do governante se licenciar para poder concorrer à reeleição (se ela for mantida). Yeda Crusius estará fora do jogo eleitoral de 2010. Ou você acha que ela deixará seu vice no poder durante seis meses?

 

SUGESTÃO DE LEITURA – leia aqui a reportagem “Homem-bomba: O enigma Feijó”, assinada por Leandro Fontoura e Marcieli Brum e publicada neste domingo pelo jornal Zero Hora.

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