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O dia da vergonha – por Daniel Arruda Coronel

No dia 31 de  março completam-se cinquenta anos do Golpe Militar que derrubou o presidente constitucional João Goulart e foi instalada no país a ditadura militar, a qual manchou a história republicana brasileira com sangue, por longos vinte e um anos, e  indubitavelmente jamais pode ser esquecida sob pena de, de tempos em tempos, não valorizarmos um bem inalienável que a sociedade conquistou, ou seja, a democracia.

João Goulart assumiu a presidência do país após a renúncia inesperada de Jânio Quadros e, a partir disso, começou a montar um governo de cunho desenvolvimentista, o qual tinha como metas reforma agrária, reforma educacional, ênfase no capital nacional e preservação dos direitos dos trabalhadores.

Estas medidas foram rotuladas pelos setores conservadores e reacionários como um “mal” a ser combatido a qualquer preço. Neste sentido, com o apoio tácito dos Estados Unidos, os “golpistas” começaram a arquitetar a queda de João Goulart.

No dia 31 de março de 1964, o assim chamado “levante” começou por Minas Gerais, sob orientação e coordenação do General Olímpio Mourão Filho, o qual deslocou suas tropas e subordinados até o Rio de Janeiro, onde se perfilou diante do Marechal Castelo Branco e passou-lhe a coordenação do assim chamado “levante democrático”, em prol da nação. Na verdade, tratava-se de um grupo sectário, oportunista e raivoso que não tinha uma consciência e ações de cunho desenvolvimentista, bem como apreço pela democracia.

A ditadura militar instaurada no país deixou como legado centenas de mortes, desaparecidos e, no campo econômico, uma elevada dívida externa e altas taxas de inflação, o que se acentuou significativamente na década de 1980.

Embora passados vinte e nove anos da abertura política, a sociedade ainda quer e exige respostas, tais como: onde está o corpo de Rubens Paiva, quem foram os culpados pelo atentado do Rio Centro, qual a causa das mortes de Goulart, Juscelino e Carlos Lacerda, se  foram naturais ou  relacionadas com a chamada Operação Condor, entre outras questões.

Tais respostas são fundamentais para a sociedade brasileira passar a limpo sua história e começar a olhar à frente para a construção de um país mais justo, fraterno e soberano, onde os governantes ajam dentro da lei e do respeito à constituição e à ordem democrática.

Lamentavelmente, alguns hebdomadários saudosistas do período de exceção política  justificam sua posição pelos supostos baixos casos de corrupção que se tinha no período, mas, na verdade, esse nada mais é do que um argumento tolo e frágil, pois hoje, embora haja vários casos de mau uso do erário público, a sociedade pode criticar, discordar, a imprensa pode denunciar e o fundamental, a sociedade pode, através de sua consciência, exigir mudanças por meio do seu voto consciente e lúcido.

Enfim, passados cinquenta anos deste “levante autoritário”, são pertinentes as palavras  do grande doutor Ulysses Guimarães, timoneiro da democracia: “a sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram. Foi a sociedade, mobilizada nos colossais comícios das Diretas-já, que, pela transição e pela mudança, derrotou o Estado usurpador”.

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