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A publicidade e a (hiper)vulnerabilidade da criança/adolescente-consumidor – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

A publicidade dentre seus propósitos indaga o desejo pela coisa anunciada, impõe uma ideia e leva-nos ato de adquirir. As técnicas utilizadas, por vezes, evidenciam aspectos da vulnerabilidade sob uma ordem psíquica, fisiológica e econômica. Utiliza-se de diversos níveis de linguagem, entre pressões internas e externas, mexendo assim, nas ações dos seres humanos.

A marca de produtos agrega formas de auto expressão aos indivíduos, uma representação simbólica do ser. O sujeito passa a adotar uma conduta específica, direcionada para utilização ou aquisição de produtos, como algo que está na moda, em evidência.

A questão em pauta questiona como a criança/adolescente, em especial as crianças, irão distinguir os comerciais do restante da programação. Ganhar, ter e gastar, a mídia induz ao descontentamento com aquilo que se tem, criando uma orientação para atitudes de posse e consumo, levando as crianças a se preocupar com marcas, produtos e valores consumistas.

Os adolescentes com seus inúmeros gastos, com produtos eletrônicos e roupas de marca estipulam o que se determinou como necessário para seu bem-estar, para sua vida dita normal, para aceitação frente aos outros. Nas décadas anteriores, um aparelho de videogame era tido como um sonho, hoje adquirir faz parte de uma existência do sujeito, em que o prazer está na aquisição.

A criação de estereótipos de perfeição origina, neste contexto, o princípio da exclusão. Neste cenário, enquanto alguém é excluído, outro passa a ser afirmado socialmente e valorizado, não pelo ser, mas pelo ter. Resultando em uma infância/adolescência de saturações, de excessos, ocasionando, até mesmo, a degradação da imagem, do que é ou não ideal, é ou não perfeito. É a era da aquisição para o descarte.

Sem pretensão de esgotar o tema, tem-se aqui o desejo maior deste ensaio, que foi abordar subsídios para relacionar a sociedade de consumo às crianças/adolescentes. Assim, vive-se em uma sociedade hierarquizada e moldada de acordo com os padrões sociais de consumo, na qual quem usa determinada marca está dentro dos grupos sociais e quem não possui as características e as aquisições, tidas como necessárias, passa a ser excluído. Se este é o (novo) padrão imposto pelo consumo e afeta a sociedade (exclusão), por certo tem relação estreita com o direito e, por sua vez, com a necessidade de pensarmos a questão.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

@vitorhugoaf

REFERÊNCIAS

BRAGA, Diego Bastos. Sociedade de Consumo e Bullying: desdobramentos (im)possíveis (Monografia Jurídica). 2012

 

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