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Era só o que me faltava – por Rogério Koff

Finalmente, vou confessar: sempre fui aquilo que em futebol chamam popularmente de “perna de pau”. Não jogava absolutamente nada. Raros foram os gols que marquei em centenas de jogos que disputava no colégio ou na praia. Ficava em geral “plantado” lá na frente, e como não havia árbitro para marcar impedimento, a bola às vezes sobrava livre, porque nenhum zagueiro iria perder tempo me marcando. Aí podia bater na canela e, com um pouco de sorte, enganar o goleiro e entrar.

Inversamente proporcional às minhas escassas habilidades é minha grande paixão pelo futebol. Na época em que os jogos não eram transmitidos diretamente pela televisão, lá pelo início dos anos 1970, costumava tomar lugar ao lado do meu pai na área de serviço do nosso apartamento e acompanhar as jornadas esportivas pelo radinho de pilhas. Os jogos do Gauchão começavam às 16h. Mais tarde, às 18h sintonizávamos a Globo do Rio para acompanhar o Campeonato Carioca. Pela voz dos narradores desfilavam Tarciso e Beto Fuscão pelo Grêmio, Rivelino com a camiseta do Fluminense, Zico com a do Flamengo, Dinamite com a do Vasco. Ficava imaginando os gols e as jogadas e só as veria nos Gols do Fantástico. Na minha mente, eram lances ainda mais belos do que a realidade.

E foi então que sábado passado, em uma noite agradável no Ponto de Cinema, durante a gravação de um especial com artistas que cantam na noite santa-mariense, que uma revelação surgiu. De forma fulminante e inesperada. Estávamos eu, minha mulher e o Máucio sentados conversando. Ele mesmo, nosso cartunista reconhecido e que recentemente lançou o divertidíssimo “Penápolis”.

Ele sorveu um gole de cerveja, olhou fixo para mim e disparou: “Eu já joguei futebol”. Assim mesmo, com aquela cara irônica. “Eu já joguei futebol”. Aí foi me contando que era ponta-esquerda (quando ainda existia esta função) apesar de ser destro. Jogou na categoria sub-17, passou pelo futebol amador. Era do Avaí Futebol Clube de Santa Maria. Jogou nos campos da Kennedy, do Aliado e do Cerro Azul. E blá blá blá. Fui ficando ali, ouvindo tudo aquilo, cada vez mais humilhado. O Máucio não podia fazer isto comigo. Não acho que eu seja melhor que ele, não é nada disso. Mas o Máucio é um intelectual como eu. Um INTELECTUAL. Não, ele não podia ter jogado bola. E ainda falou que era habilidoso. Falou na minha frente e da minha mulher. Com um certo ar de superioridade. Falou isso na frente de um “perna-de-pau”. Para pisotear. Tudo bem, Máucio, vou passar por esta. Mas por favor, da próxima vez que nos encontrarmos, não invente de trazer uma fotografia dos tempos em que você jogava futebol. Aí será demais.

Brincadeiras à parte, fiquei afastado deste nobre espaço por quase um mês para disputar as eleições do Centro de Ciências Sociais e Humanas. Eleição direta, com participação de todos os segmentos da nossa comunidade. Professores, servidores técnicos-administrativos e alunos entenderam que eu e o professor Mauri devemos ter mandato renovado por mais quatro anos. Agradeço a confiança de todos.

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