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Precisamos debater sobre o encaminhamento da reconstrução do Estado após a destruição causada pelas enchentes – por Giuseppe Riesgo

“Casos como este exigem um Regime de Exceção em nome da celeridade”

Depois de vivermos um caos completo na semana passada na Região Central do Rio Grande do Sul, vemos os graves impactos das chuvas em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Diante de um cenário devastador, em que a população luta para se reerguer das primeiras chuvas, há ainda mais precipitação prevista para os próximos dias. É assustador saber que não há força suficiente para o poder público agir sozinho, especialmente, porque nunca houve um planejamento prévio para este tipo de desastre.

Obviamente, a prioridade deste momento é salvar vidas, bem como, abrigar e abastecer as vítimas. Mas é urgente discutir sobre os próximos dias e meses para trabalhar a reconstrução de tantas perdas e, ao mesmo tempo, estruturar um projeto para evitar que essas tragédias sejam recorrentes.

O panorama atual, neste momento, aponta cem mortes confirmadas no Estado, com mais de 1 milhão de pessoas afetadas de alguma forma em mais de 400 municípios gaúchos. Milhares delas seguem desalojadas, dependendo de abrigos e de centros comunitários para dormir e se alimentar. Muitos perderam tudo o que tinham e centenas ainda estão feridos.

Extensas áreas seguem embaixo d’água, principalmente na capital gaúcha e arredores, o que impedirá o breve retorno das famílias às suas residências e o funcionamento pleno de empresas e inúmeras atividades comerciais. Em locais com risco de desabamentos, como acontece em Santa Maria, não está sendo diferente: evacuação por tempo indeterminado.

Quando o assunto é infraestrutura viária, a realidade também é péssima. Pontes caíram, rodovias se deterioraram e rotas importantes seguem bloqueadas em grande parte do Estado. Isso impacta diretamente no abastecimento de tudo que é vital para que a população se mantenha, recomece do zero e erga novas estruturas.

Há uma consciência de que não se pode impedir o acontecimento das catástrofes ambientais, mas é possível minimizar os impactos delas ao manter uma estrutura e oferecer um bom preparo de equipes para atuar diante desses eventos climáticos. Políticas eficazes e assertivas devem ser desenvolvidas de forma urgente. O Estado não tem tempo para se organizar e não pode mais permitir que a sociedade civil seja mais ágil do que qualquer governo na tomada de ações, bem como vimos em diversos resgates de vítimas.

Hoje, precisamos de um Plano de Reconstrução do Rio Grande do Sul! O Estado, em sua concepção mais ampla, se mostra ineficiente e incapaz de dar uma resposta célere e a contento. Mandatários agem, agora, no afogadilho. Ou seja, tentam remediar o irremediável. Novas chuvas virão, muitas delas já previstas. Temos condições tecnológicas de prevê-las e nos prepararmos. Mas isso exige profissionalismo e capacitação técnica, o que o Estado, até aqui, mostrou desconhecer.

Somente em Santa Maria, um estudo preliminar do Executivo municipal aponta que serão necessários cerca de R$ 300 milhões para reconstruir tudo que foi perdido. Há um anúncio de verbas federais para atender os 497 municípios atingidos, mas ainda não há sinal da chegada desse dinheiro nas contas públicas. Além disso, não se sabe ao certo de que forma será feita a reconstrução de tudo, quais os prazos e por quanto tempo isso tudo se estenderá.

É preciso desburocratizar processos para que a população não tenha que esperar pelas longas etapas de uma licitação, por exemplo. Casos como este exigem um Regime de Exceção em nome da celeridade. Outra realidade é a necessidade de uma mudança de mentalidade no ato de planejar a infraestrutura daqui em diante. A estratégia precisa priorizar uma resistência maior das estruturas aos fenômenos climáticos e a demanda de uma expertise específica para construir isso tudo é cada vez mais relevante.

Para um país como o Brasil, que possui uma grande extensão territorial com diferentes características e atividades climáticas simultâneas, é vital que se estruture um Plano de Contingência de Desastres Naturais. Ainda, que mantenha pronta e treinada toda a Defesa Nacional para qualquer emergência parecida com a que estamos tendo aqui no sul do país. Diante da amplitude desse desastre, as Forças Armadas deveriam ter aportado no Rio Grande do Sul no mesmo dia. Infelizmente, o que vimos foi um exemplo de falência do auxílio desses órgãos estatais.

Também é importante possibilitar financiamentos para expandir o controle de enchentes, reforçar serviços públicos, reformar prédios e ajudar as famílias a pagar os custos com tantas perdas. Com a aproximação do inverno, ainda há a iminente preocupação com a saúde da nossa população.

Mas enquanto o povo segue protagonizando o auxílio e o suporte que deveriam ser fornecidos pelos governos, nós seguimos acompanhando a falta de capacidade do poder público no gerenciamento de emergências. Não bastasse a população ter que aceitar esta realidade, ainda temos que assistir os representantes do governo Lula anunciando perseguição a quem critica a gestão sob a falsa alegação de fake news.

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Ele escreve no Site às quintas-feiras

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15 Comentários

  1. Juros baixaram 0.25% nesta semana. Menos do que desejavam os vermelhos, cuja unica preocupação é gastar. Panorama atual é o seguinte, governo vai bagunçar a economia. Em 26 não tem Cavalão para polarizar. Se chegar la, pode ter impeachment antes se o barco começar a fazer agua. Se o Banco Central estivesse na mão dos Vermelhos já teriam dado um tranco nos juros e na economia. Arcabouço fiscal já afundou, é para ingles ver. Alas, tem problemas do inicio. Se corrigem o deficit fiscal pelo lado da receita as verbas carimbadas comem o resultado. Alas, a regra de reajuste do salario minimo é o mesmo de Dilma, a humilde e capaz. Nao e sustentavel, se a inflação sobe e a economia encolhe o salario fica impagavel, gera desemprego. Sem falarna previdencia. A culpa depois cai na uberização. Rato Rouco vai terminar de liquidar a biografia.

  2. Imprensa tradicional, na campanha tradicional, chama qualquer boato de ‘fake news’. Se alguém publica o que decidiram não publicar (a população são crianças e jornalistas são genios): fake news. Alas, pensam a comunicação como 20 anos atras, ‘se repetir bastante a mensagem cola’. Na verdade vira ruido, mas é bom deixar assim, se acham que sabem o que estão fazendo melhor. Problema se resolve sozinho.

  3. Assuntos gerais e administrativos. Madonna tem 65 anos. Nesta idade, por motivos obvios, a voz de um cantor ou cantora não é a mesma. Estruturas vocais não são as mesmas. Dizem que a prefeitura gastou 10 milhões e o estado a mesma quantia. RJ completamente quebrado, eivado de corrupção e carcomido pelo crime organizado. Show não tinha como ser adiado. Artista performou como contratado, não tem nada a ver com o resto. Quem foi no show idem, cariocas que não foram idem. Rede Bobo é problema para quem assiste. Nunca tive conta no tal banco e nunca vou ter. Simples.

  4. No meio dos refugiados nos centros de abrigo muita coisa se espera. Algum diabetico com cetoacidose por falta de insulina por exemplo. Gente correndo atras do hormonio. Alguém doente que deve ser encaminhada para uma UBS. Porem quando o numero de pessoas com piolho ou escabiose ultrapassa um certo nivel alguma coisa esta errada. Quando há que se deslocar gente para ajudar assistentes sociais porque são muito poucas também há algo de errado.

  5. Serviços publicos funcionam na base do ‘é o que a casa tem para oferecer’. No entanto muitos vivem pedindo intervenção estatal. E planos, projetos e politicas publicas. É um misterio.

  6. Forças Armadas não aportaram no mesmo dia porque não é função delas. Maioria são conscritos que incorporaram há tres ou quatro meses. Nem marchar direito aiprenderam ainda. Salvamento Aereo e Resgate não é atividade para qualquer um. Aeronautica tem um esquadrão. Que não pode ser desviado totalmente para cá por precaução, vá que aconteça um acidente aeronautica. No exercito, com a mesma limitação, acredito que exista um pelotão em SP, menos de 30. O curso dura 6 meses no exercito, é caro e nem todos tem vocação. Alas, Forças Armadas tem que policiar a fronteira seca, a maritima e resolver todo e qualquer pepino que o Estado nunca se preocupou a respeito.

  7. Em BSB parte dos recursos da ajuda serão desviados para outras coisas. Sem mencionar o trem da alegria que alguns ensaiam.

  8. Planos e ‘Politicas Publicas’ são chavões da classe politica e da juridica. Gente que não sabe do que fala. Acabam por jogar documentos sem valor na burocracia estatal sem ouvir os tecnicos. Eis o problema, o abandono da tecnica pelo discurso e pela politica esteril.

  9. Obvio, nem todos sobreviverão. Enpresas medias tendem a desaparecer. Pequeno não precisa de muito para voltar, grande empresario tem pelo tamanho capacidade para regressar. Não necessariamente no mesmo local onde se encontrava. Alguns municipios irão encolher.

  10. Infraestrutura ruiu porque era fragil. Como diria o Conselheiro Acacio, o problema das consequencias é que vem depois. Pontes decadas a fio sem vistorias, por exemplo. Panorama logistico do estado mudou. Principal aeroporto debaixo d’agua. Nova Santa Rita ficou ilhada,

  11. O historico da meteorologia é algo a ser observado. Ano passado falavam num ‘super’ El Nino. Predição que antes de se materializar mudou. Não seria grande. Em janeiro não choveu muito. Um bloqueio (desconfio que seja um sistema de alta pressão). Parece que sempre tem um por perto afetando o clima no estado. Segundo os metereologistas correntinos migramos para um inverno neutro seguido de uma primavera com La Nina. Não se sabe a intensidade. Pessoal da BBC noticiou que a temperatura media dos oceanos esta 5 graus maior, o periodo não lembro. Muita energia.

  12. Em 41 choveu um mes seguido. Agora foi tres ou quatro dias. Naquela epoca o escoamento das primeiras aguas já tinha acontecido quando as ultimas ocorreram. Possivelmente os rios estavam menos assoreados. Pessoal não tinha tanto lixo para jogar nos cursos d’agua.

  13. ‘Nunca’ é tempo demais. As barreiras, as casas de maquinas e o Muro da Mauá não surgiram porque alguem acordou e resolveu que eram necessarias. Como agora foi corrida atras do prejuizo.

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