Caso grampesco (2). Que diabo de reportagem é essa que, na prática, é só um diz-que-diz?!
Minha opinião sobre a ex-revista Veja é por demais conhecida. Em raros casos, como por exemplo suas informações privilegiadas sobre mercado de automóveis, a utilizo como fonte. No mais, é um suplício semanal que me imponho, nem que seja pra saber qual a sacanagem da semana – a desta acabou derrubando a cúpula da ABIN, inclusive o delegado Paulo Lacerda, um dos mais respeitados policiais brasileiros.
Pois bem, agora leia o que escreve alguém que vive de analisar a imprensa. E olha que nem sempre concordo com ele. No caso, Alberto Dines, veterano jornalista, com passagem em vários veículos da mídia grandona, e que agora dirige o Observatório da Imprensa, junto a vários outros profissionais e estudiosos da mídia. O texto a seguir é parte de um comentário do autor. Confira:
GRAMPOS NO STF – A República em polvorosa
A República está em polvorosa, ministros do Supremo Tribunal Federal falam em crise entre os poderes, os meios políticos estão assanhados e a mídia afia as garras. Motivo: uma reportagem de Veja (nº 2076, de 3/9/2008) onde é reproduzida a gravação de uma conversa telefônica, rápida e rotineira, entre o presidente do STF, Gilmar Mendes e o senador oposicionista Demóstenes Torres (DEM-GO).
A importância da matéria está na revelação dos dois repórteres que a assinam onde afirmam que o grampo foi feito pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e o seu teor repassado à revista por um funcionário da mesma agência sob a condição de se manter anônimo. A conversa entre as duas autoridades realmente ocorreu, os interlocutores a confirmam, mas a grande crise está montada em cima de apenas três linhas de informação oferecidas pelos repórteres.
Traduzindo: um araponga da Abin fez a gravação, outro a transcreveu e repassou à revista. Não há indicação alguma de que o grampo teria sido ordenado pelo diretor da Abin ou alguma autoridade superior…
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do comentário Grampos no STF – A República em polvorosa, de Alberto Dines, diretor do sítio especializado Observatório da Imprensa.
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