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EXCLUSIVO. O site conferiu: ocupação da Olaria da UFSM virou um mar de destroços dentro do campus

O que restou de um sofá dos moradores despejados repousa calmamente na área vizinha à Olaria da Universidade

Por MAIQUEL ROSAURO (texto, vídeo e fotos), da Equipe do Site

Por mais de 40 anos, 31 famílias ocuparam uma área ao lado da Olaria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), dentro do campus. Em março, cumprindo uma ordem de reintegração de posse, todos os moradores se retiraram do local e as casas que sobraram foram derrubadas. Todavia, tudo o que sobrou das residências foi simplesmente abandonado no local nos últimos três meses.

Sofás rasgados, restos de uma CPU, duas TVs quebradas, um teclado de computador, um micro-ondas, um aparelho de som portátil, uma boneca sem um braço, uma bicicleta, uma antena de TV, dezenas de calçados sem par, um sofá, um troféu de campeão de futsal, duas bolsas, várias peças de roupa e toneladas de materiais de construção. Foi isso que o site encontrou na sexta-feira (9) ao investigar o destino dado ao local após a desocupação.

VÍDEO EXLUSIVO:

O único som que se ouve no local é o de uma sanga que cruza o terreno. O córrego está repleto de todo tipo de material de construção e outros objetos provenientes da demolição das casas. Também há vários pneus e outros objetos de plástico acumulando água parada.

Toneladas de tijolos foram deixados ao tempo. Desocupação ocorreu há quase três meses e não houve mais nada no local

Porém, nem tudo foi destruído na desocupação. O site contou, pelo menos, cinco casinhas de cachorro que resistem ao tempo. Há também vida no local, como uma bananeira e um mamoeiro. Em um espaço que fazia parte do pátio dos fundos de uma casa, há uma bergamoteira. Mas como não há ninguém para recolher as frutas, as bergamotas apodrecem no chão.

O site constatou que a Reitoria da UFSM desconhece a situação atual da área. Questionado quanto aos escombros deixados no local, o pró-reitor de Infraestrutura, Eduardo Rizzatti, demonstrou surpresa ao ser informado da situação e disse não saber quando a área será limpa.

“Vou verificar. Vamos fazer um pregão, com registro de preço, para tratamos da área. O que irá ocorrer em breve”, informou Rizzatti.

Brinquedos foram deixados para trás pelos antigos moradores e seguem no local, como um signo do que ali se viveu

O que dizem os candidatos à Reitoria

Como a UFSM vive um momento eleitoral, o site entrou em contato com as assessorias de imprensa dos três candidatos a reitor e questionou: “Caso eleito(a), qual o destino que o(a) senhor(a) pretende dar ao espaço da antiga ocupação?”. Abaixo, confira, na íntegra e sem alterações do site, as respostas das três chapas:

“A UFSM envidou todos os esforços junto ao município para garantir uma nova área para as(os) moradoras(es) da Ocupação e com sua parceria obteve êxito na ação. Mesmo assim, o trabalho prossegue no sentido de apoiar a viabilização da habitação digna para o conjunto da população.

A área em questão é patrimônio público da União e a UFSM deverá seguir um planejamento de sua ocupação.

A referida área foi objeto de ação de usucapião feita pelas(os) moradoras(es), que resultou na decisão da Justiça Federal de sua  reintegração ao patrimônio da UFSM. A área atenderá a finalidade pública e institucional a que se destina, sendo utilizá-la para a expansão e alocação de projetos na área social, acadêmica, científica e tecnológica”.

Chapa 1 – Paulo Afonso Burmann/Luciano Schuch

Destroços se estendem por toda a área que era ocupada pelas 31 famílias. Ao fundo, telhado da Olaria da UFSM

 “A questão sobre a saída das 31 famílias da área contígua à olaria é assunto encerrado, cuja responsabilidade administrativa concerne à atual gestão da Reitoria.

Infelizmente, em nosso entendimento foi mal gerida, mesmo tendo sido um ato jurídico falho por parte dos moradores, em requerer usucapião de área federal. Entendemos que o evento traumático poderia ter sido amenizado via Conselho Universitário, por meio de uma solução provisória, em consonância com uma articulação judicial. Assim, haveria tempo suficiente de mudança e reacomodação das famílias em seus novos ambientes de vivências.

Ao futuro Reitor caberá uma avaliação profunda sobre aquela área. Se formos eleitos pela comunidade universitária, pelo menos três questões pontuaremos como necessárias:

1) Estabelecer debate na comunidade interna, especialmente junto aqueles setores ou unidades que estão locadas nos limites daquela área, para uma avaliação sobre as possibilidades de uso do local. Por exemplo, o CEFD (Centro de Educação Física e Desportos) e o Centro de Eventos (“Parque”) que provavelmente tenham interesse no uso daquele espaço.

2) Avaliar as questões ambientais que dizem respeito aos limites da área, utilizadas pelas famílias ao longo de mais de quarenta anos, que possam ter afetado o solo e lençol freático devido ao esgoto sanitário produzido, bem como em relação à vegetação e outros elementos do paisagismo.

3) Caso não haja interesse dos setores e unidades sobre a área, que é de pequena dimensão, nossa prioridade será encaminhar medidas de reflorestamento, análise de potenciais hídricos e outras ações de paisagismo. Assim ficará integrada ao vasto potencial das diversidades ambientais da UFSM”.

Chapa 2 – Dalvan José Reinert/Pedro Brum Santos

O que restou das residências se mistura com a vegetação, num cenário de absoluta desolação, nos fundos da UFSM

“Fazer um estudo se a área em que se situa a antiga Vila da Olaria estará dentro da área de preservação ambiental (APA) que propomos criar na UFSM. Verificar as condições do solo em termos de possível contaminação, haja vista que as famílias que viviam no local não dispunham de saneamento básico tratado. Pode ser que a área da antiga vila venha a fazer parte do mecanismo de compensação para a liberação do licenciamento ambiental da UFSM, há anos desconsiderado pelas gestões passadas e atual Administração da instituição”.

Chapa 3 – Helenise Sangoi Antunes/Laura Regina da Silva Câmara

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