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CIÊNCIA. Triássico é tema em periódico internacional editado por paleontólogos da UFSM e da Unipampa

Edição de abril da ‘The Anatomical Record’ é a maior da história da publicação

Da Agência de Notícias da UFSM

Os números destacam animais nos quais a UFSM esteve envolvida no processo de pesquisa: 1 – Prestosuchus; 2 – Herrerasauria indet.; 3 – Proterochampsa; 4 – Buriolestes; 5 – Paratraversodon; 6 – Teyujaua; 7 – Agudotherium

Pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM (Cappa) foram editores do volume mais recente publicado pela revista The Anatomical Record, importante periódico internacional sobre estudos anatômicos ligado à Sociedade Americana de Anatomia.

Chamada “O alvorecer de uma era – anatomia comparativa e funcional de tetrápodes Triássicos” (do inglês “The dawn of an era- comparative and functional anatomy of triassic tetrapods”), a edição reúne trabalhos sobre animais vertebrados de quatro patas que viveram no período Triássico em diversas regiões do mundo.

Os paleontólogos da UFSM Flavio Pretto e Leonardo Kerber se juntaram ao pesquisador Felipe Pinheiro, da Unipampa, para propor, em 2022, este volume especial aos responsáveis pela publicação. Um ano e meio depois, o volume foi lançado, sendo chamado de “nossa mega-edição monumental” [our “monumental mega-issue”] na divulgação da edição, por conter 39 artigos, que somaram mais de mil páginas, com diversas contribuições relativas à anatomia comparativa e funcional de tetrápodes do Triássico. “Apresentamos dez táxons novos [nomes de gênero ou espécie], além de uma série de trabalhos e olhares inéditos sobre materiais pouco conhecidos”, relata Flavio Pretto. Diversos estudos publicados no volume evidenciam achados da região central do Rio Grande do Sul, estudados tanto pela UFSM quanto pela Unipampa.

Além de editores do volume, Flavio e Leonardo contribuíram também como autores de trabalhos, juntamente a outros pesquisadores da Universidade. “Nesses artigos, apresentamos desde trabalhos de anatomia clássica até alguns envolvendo aspectos inovadores de paleontologia. O Leonardo, por exemplo, puxou muitos trabalhos de paleoneurologia que utiliza tomografia computadorizada, ou seja, ciência de ponta”, destaca Flavio.Triássico

“Sai da frente, Jurassic Park, que está chegando o circo Triássico!”: assim foi intitulado o editorial do volume, escrito pelos pesquisadores Jeffrey T. Laitman e Heather F. Smith.
“Especialmente quando se pensa em dinossauros, o pessoal está mais interessado naqueles gigantes do Cretáceo, né? Achei bem legal o título que eles colocaram no editorial, porque, realmente, o Triássico é, de todo Mesozóico, um dos momentos mais interessantes, e ele sempre fica no lado B do disco, sempre está à sombra do Jurassic Park”, lamenta Flávio.

O período Triássico (aproximadamente 250 milhões de anos atrás) representa um momento crucial para a compreensão da evolução dos tetrápodes. Aves, crocodilos, lagartos e mamíferos são exemplos de linhagens que podem ter tido suas origens nesse período. “Não é, portanto, um exagero afirmar que o Triássico representa o alvorecer da vida moderna, marcando não apenas o início da Era Mesozóica, mas também estabelecendo as diretrizes a partir das quais a vida evoluiria após a extinção em massa mais dramática já experimentada pela Terra”, salientam Leonardo, Flavio e Felipe na introdução do volume.

Os editores chamaram o atual momento de “era de ouro” da pesquisa em vertebrados do Triássico, devido ao grande interesse por parte de investigadores de muitas gerações e partes do mundo para estudar sobre o tema. “A gente tem contribuído para abrir um pouco mais os olhos do mundo acadêmico para quão interessante é isso”, comenta Flavio.

Do simpósio à publicação: diversidade internacional

Em 2023, a UFSM organizou o 12º Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados, que reuniu mais de 200 pesquisadores em Santa Maria. Segundo Leonardo Kerber, o simpósio foi uma importante iniciativa da Universidade dentro da paleontologia nacional.

No evento, foi realizada uma sessão temática especificamente sobre o Triássico e parte dos trabalhos que compõem o volume na revista The Anatomical Record foi apresentado naquele momento. Os textos da revista trazem, contudo, um espectro mais amplo de pesquisas contemporâneas na área. “Com o simpósio, vimos uma oportunidade de casar as coisas: reunir pessoas e começar a organizar este volume especial, propondo essa integração de vários pesquisadores”, enfatiza Leonardo

Os paleontólogos da UFSM contam que, desde o início, almejaram que houvesse diversidade entre os autores do volume, seja de gênero, de localização geográfica e de fases de carreira: “A gente misturou desde países desenvolvidos até países emergentes e há pesquisadores de fim de carreira junto a estudantes de graduação”, reforça Flavio. Ele também destaca o fato de que pessoas de renome na área contribuíram de maneira bastante entusiasmada com a edição.

Flavio e Leonardo deixam claro o orgulho de terem encabeçado a iniciativa e serem os editores do volume: “sermos pesquisadores de universidades brasileiras traz um protagonismo muito grande pro trabalho desenvolvido tanto pela UFSM, quanto pela Unipampa”.

Outro ponto destacado por eles é a visibilidade alcançada pelo trabalho, comprovada pelas interações online que têm ocorrido em redes sociais como o X (antigo Twitter): “Hoje, pesquisadores do mundo todo que trabalham com a temática viram esse volume e muitos têm interagido com a gente”, conta Leonardo. Flavio finaliza: “Desde a ideia de fazer o simpósio até o volume especial, tudo tomou proporções superlativas, excedeu de longe as expectativas que a gente tinha. Tenho certeza que isso vai reforçar colaborações científicas internacionais no futuro”.

Homenagem

O volume na The Anatomical Record foi dedicado ao professor Cesar Leandro Schultz, recentemente aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “A longa e produtiva carreira de Schultz foi fundamental para iluminar a faceta sul-americana da diversidade do Triássico”, destacam os editores. Ele atuou como mentor de boa parte dos pesquisadores brasileiros dedicados ao Triássico, incluindo Flavio Pretto e Felipe Pinheiro. A espécie Buriolestes schultzi, descrita em 2016, também faz uma homenagem ao professor Schultz no nome. Os fósseis do Buriolestes foram descobertos no Sítio Buriol, em São João do Polêsine, Rio Grande do Sul.

Capa

Para representar a diversidade do Triássico na imagem da capa, o artista brasileiro Márcio L. Castro foi convidado para retratar (confira na arte que ilustra esta nota) uma seleção de tetrápodes estudados nos artigos publicados na edição especial. “As representações artísticas de Castro captam lindamente a amplitude e riqueza destas criaturas pré-históricas, oferecendo uma representação visual do fascinante mundo da vida Triássica”, destacam Flavio, Leonardo e Felipe na introdução da publicação.

Evento: simpósio com os editores

Na próxima quarta-feira, 10 de abril, às 13h (horário de Brasília), os editores Felipe Pinheiro, Flávio Pretto e Leonardo Kerber  apresentam um seminário online  sobre o volume, promovido pela American Association for Anatomy. A inscrição é gratuita. Mais informações no site da Associação. 

PARA LER NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

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