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Crise no Piratini Diretório decide que PDT deve se mandar para a oposição. Mas, e ele vai?

O fato é: pelo menos institucionalmente, o PDT está na oposição ao governo de Yeda Crusius desde às 10 da noite de ontem, segunda-feira. E a decisão, tomada em reunião do Diretório Estadual da sigla, como anunciei aqui no final da noite, foi por larga maioria: 126 votos contra 36.

 

Foi a reação dos pedetistas à demissão, no meio da semana passada, do secretário de Segurança, Enio Bacci, deputado federal eleito pelo partido e cuja gestão, segundo as pesquisas disponíveis, era a melhor avaliada pela população gaúcha. E também foi, penso, o clímax de uma relação que era conturbada desde o início do governo.

 

O distanciamento foi se acentuando aos poucos. Um dos episódios que já levavam a pensar na possibilidade de rompimento foi a nomeação dos 30 Coordenadores Regionais de Educação. Apenas dois couberam ao PDT, partido que, por influência de seu líder maior, o ex-governador Leonel Brizola, já falecido, considera essa uma área prioritária.

 

Mas houve outros atritos. Inclusive pela (considerada) pequena representatividade pedetista no governo. E mesmo a segunda secretaria, a de Obras, sob comando do deputado estadual Paulo Azeredo, tinha sido desidratada, com a retirada da Corsan, de sua área de influência.

 

Assim, a demissão de Bacci foi o que a grande maioria considerou a gota d’água. E que levou a manifestações iradas do próprio afastado e da direção estadual da sigla, que contou com o apoio (viu-se ontem, com a chegada dele para a reunião do Diretório) do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, ministro do Trabalho.

 

Há, ainda, outros desdobramentos. Um é óbvio, o afastamento do secretário Paulo Azeredo e outros oito integrantes do segundo escalão. A saber:

 

Carlos Cardinal, presidente da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa)

Francisco Bragança, diretor da Superintendência de Portos e Hidrovias

Glei Menezes, presidente da Ciel

Luiz Klippert, diretor técnico da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore

Osmar Severo, diretor da Metroplan

Paulo Gonzalez, diretor da CEEE

Pery Sperotto Coelho, vice-presidente da CaixaRS

Urbano Schmitt, diretor do Banrisul.

 

Aliás, será que eles saem, mesmo? A pergunta é pertinente, na medida em que, na Assembléia Legislativa, houve vozes dissonantes na decisão de afastar-se do governo. E esse é outro dos desdobramentos, nesse momento ainda imprevisível.

 

O suplente Coffy Rodrigues (que perderá o cargo, com a volta de Azeredo) e Rossano Gonçalves foram os mais ativos na sua posição pró-permanência no governo – e até, por isso, mereceram reprimenda da direção – por estarem supostamente negociando com a Governadora uma alternativa para a crise. Esta se daria com a manutenção do PDT no governo através do oferecimento da secretaria do Trabalho, a ser recriada. Mas não foram os únicos: Geovani Cherini também se posicionou, ontem, contra o rompimento.

 

O que acontecerá com eles? Que tipo de influência pode ter a direção na hora de uma votação na Assembléia Legislativa? Se tudo acontecer como mandaria o figurino da fidelidade partidária (que não existe, legalmente), eles votariam com a oposição. E, nesse caso, Yeda teria contra si 20 votos (sete do PDT, mais os do PT, PC do B e PSB). Mas, será assim? Hoje, é impossível saber.

 

De todo modo, essa foi a primeira grande crise institucional do governo de Yeda Crusius. E às vésperas da votação da reforma administrativa. E, quem sabe, também da criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para discutir a questão da segurança pública.

 

Em cima do laço é difícil avaliar com maior concretude o que pode acontecer. Mas não custa dar uma espiada no comportamento, a partir de agora, do PDT que se mandou do governo. E que, em Brasília, é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E em Santa Maria compõe com o governo petista de Valdeci Oliveira. Tenho o palpite que a história toda ainda não foi contada. Se é que um dia será. Resta aguardar.

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