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Já que não acabou… – por Bianca Zasso

Meu avô tem 82 anos e diz que desde 1974 ele escuta a história de que o mundo vai acabar. No último dia 21, sexta-feira passada, teve gente que se escondeu embaixo da cama, bebeu todas ou simplesmente ficou de bobeira, esperando o tal final catastrófico.

Pois ele não aconteceu. Nos primeiros minutos do dia 21 eu estava curtindo o sono dos justos e depois acordei pensando nos compromissos do dia e no filme que queria ver no cinema. Aliás, o mundo já acabou no cinema várias vezes. Eu vivenciei algumas.

Hoje não vai ter lista, nem ficha técnica de filmes. Este texto é uma despedida. Se bem que despedida é uma palavra pesada, dolorida de se dizer e sentir. Acho que um “até breve” é mais adequado. Fiquei muito feliz com o convite que recebi do Claudemir Pereira, em março deste ano, para escrever semanalmente sobre cinema. Para uma cinéfila como eu, era algo irrecusável. Aprendi a ter determinação, organizar as coisas para passar aos leitores a essência dos filmes e não apenas apresentar uma sinopse com comentários.

Explicar uma história é fácil. O que me propus a fazer era algo além, uma visão sobre a história que é fruto dos meus estudos sobre cinema e também da minha sensibilidade, do que o coração interpreta em cada cena. Passa longe de ser uma análise elaborada como as encontradas nas revistas especializadas em crítica de cinema. Até porque, a internet não é o lugar mais indicado para se colocar páginas e páginas sobre um filme. É mais um papo rápido, mas nem por isso com menos conteúdo.

Errei em muitos textos e errei muito. Feliz com isso não fiquei, mas depois do primeiro impacto sempre vem o incentivo, a crença de que tudo, mas tudo mesmo, nessa vida é tentativa e erro, até se encontrar o melhor caminho. E o melhor nem sempre é o mais fácil. Tive que me controlar muitas vezes para não transformar os textos em declarações de amor. Isso porque certos filmes para mim são como amores do passado, daqueles marcantes que mesmo que não exista mais o clima dos primeiros encontros, a gente ainda se emociona e ganha um brilho no olhar. Caminhei numa linha tênue entre a cinefilia em último grau e a informação precisa e imparcial a cada palavra que escrevia.

O cinema salvou a minha vida. Frase de impacto, mas é muito verdadeira. Sem ele eu seria muito mais rabugenta, burra e medrosa. Sem ele a minha vida perderia 99% da graça. O cinema me deu muito mais do que filmes. Me deu amigos, descobertas, sonhos, desilusões sábias, deu graça aos meus dias. Fez de mim um ser humano melhor. Ajudou a encontrar a minha profissão. Me fez desistir dela também. E a cada dia me surpreende mais.

Em 2013, novas aventuras, novos amores, novos planos e novos erros nos esperam. E novos e velhos filmes também. Porque melhor que uma noite de estreia movimentada, só um clássico admirado daquele bom e velho sofá da sala.

Um ano lindo, coisa de cinema mesmo, para todos vocês.

Bjus da Bia.

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