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CAMPO. Reitor e vice da UFSM refutam “segregação” dos produtores rurais e se posicionam sobre Expofeira

Locais “onde ocorrem os remates de animais estão disponíveis para produtores, empresas e associações, mediante agendamento e contratação legal”, afirmam reitor e vice da UFSM (foto Divulgação)
Reitor e vice: locais “onde ocorrem os remates de animais estão disponíveis para produtores, empresas e associações, mediante agendamento e contratação legal” (foto Divulgação)

A seguir, você confere artigo recebido pelo editor, a propósito das relações entre as entidades de produtores ruais e a UFSM, por conta de discordâncias em relação ao uso do Centro de Eventos da instituição para a Expofeira de Santa Maria. O texto, que você lê em primeira mão, é assinado pelos maiores dirigentes da Universidade. Confira, na íntegra:

Por PAULO BURMANN (reitor da UFSM) e PAULO BAYARD DIAS GONÇALVES (vice-reitor)

Sobre Centro de Eventos da UFSM e Expofeira

A Expofeira Agropecuária de Santa Maria iniciou suas atividades há quase meio século, com o apoio do fundador da nossa Universidade, Prof. José Mariano da Rocha Filho. Esse importante evento, um dos principais da cidade de Santa Maria, teve, desde o início, uma participação significativa dos nossos professores, técnico-administrativos e estudantes. Na época, a área do então Parque de Exposições era considerada periférica e distante das zonas centrais de expansão.

Ao longo dos seus 55 anos de existência, a Universidade cresceu em número de servidores e estudantes, e os prédios ocuparam os espaços vagos, sendo as áreas verdes e o Parque sempre preservados. A Expofeira teve, ao longo dos seus 48 anos, toda a infraestrutura do local (casas, pavilhões, mangueiras e demais áreas físicas) reservada para suas atividades anuais. Essa estrutura, hoje denominada CENTRO DE EVENTOS, exige dedicação permanente de uma equipe de 15 trabalhadores da Instituição, responsáveis pela administração, limpeza, paisagismo, jardinagem, vigilância e manutenção predial. A isto se somam os custos de licenciamento, energia, água e comunicação, totalmente garantidos pela UFSM.

Em 2011, a Associação Rural e a Prefeitura Municipal de Santa Maria foram comunicadas de que a Universidade necessitaria desse espaço para atividades acadêmicas. Em 30 de março de 2015, em reunião com a diretoria da Associação Rural e a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, atendendo aos preceitos da responsabilidade sobre investimentos públicos, ratificamos a necessidade de racionalização e otimização no uso da área do Centro de Eventos e destacamos o seu direcionamento para fins acadêmicos de pesquisa, extensão e desenvolvimento regional. Assim, confirmamos que a Universidade não poderia mais reservar toda a estrutura existente no local para ser utilizada por apenas 3-5 dias por ano pela EXPOFEIRA.

A UFSM nos últimos anos dobrou o número de estudantes e ocupou os espaços disponíveis para salas de aula, laboratórios, anfiteatros, bibliotecas, Centro de Convenções e outros. Atualmente, a área do Centro de Eventos é um dos espaços nobres para expansão, preservando as áreas verdes, as quais são indispensáveis e contribuem para tornar o Campus Sede da UFSM o mais bonito e acolhedor dentre os campi das universidades brasileiras. Nesse amplo local, estão sendo construídos laboratórios de pesquisa e ensino desde 2010 e, recentemente, instalou-se a Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AGITTEC), que capitaliza potencialidades empreendedoras, registro de propriedade intelectual e transferência de tecnologia. Os prédios estão sendo utilizados diariamente por iniciativas de desenvolvimento social e tecnológico, tendo a atuação de pesquisadores e dezenas de estudantes, com impacto direto na inclusão de profissionais altamente qualificados no desenvolvimento regional.

Além disso, vários laboratórios que interagem com diferentes setores de nossa comunidade têm registrado a necessidade urgente de espaço físico. Um exemplo disso é a área da Arqueologia, que atua para guarda e estudo de material arqueológico, a partir de convênios com instituições públicas para endosso arqueológico, requeridos por lei em decorrência da construção de rodovias, redes elétricas, entre outros.

É importante salientar que o setor produtivo da região continuará tendo destaque nas ações em parceria com a UFSM, pela vocação e pelas origens da nossa Instituição. Hoje, a maioria dos alimentos produzidos no Brasil tem tecnologias desenvolvidas dentro das universidades brasileiras, que vêm garantindo importante papel na composição do PIB do país. A UFSM continuará ampliando seu papel neste cenário de geração de tecnologias voltadas à produção primária. Dentre os vários avanços conquistados a partir da Instituição, podemos citar a produção de arroz na várzea, software para controle da produção de leite, sistemas de indução e sincronização de estros para bovinos e ovinos, marcadores moleculares visando à produção de carne; ENCORTE (25 anos); cruzamentos de bovinos, melhoramento de variedades de batatas, agricultura de precisão, desenvolvimento de vacinas para bovinos, ovinos e equinos, projetos de agricultura familiar, educação no campo, industrialização do leite, estudos meteorológicos, manejo de florestas e desenvolvimento de cultivares. Nessa direção, reiteramos nossa disposição permanente para as cooperações multilaterais, com a compreensão de que a estrutura do Centro de Eventos precisa ser explorada de maneira mais adequada para que novos avanços sejam conquistados.

Reafirmamos que as mangueiras onde ocorrem os remates de animais estão disponíveis para produtores, empresas e associações, mediante agendamento e contratação legal com a Direção do Centro de Eventos. O pavilhão multiuso deverá continuar disponível para eventos da Universidade e da comunidade. O único óbice em relação ao que vinha sendo mantido por contratos de comodato, agora vencidos, com a Associação Rural de Santa Maria e com várias outras entidades, até o ano de 2012, é que não será mais possível reservar prédios e espaço físico durante um ano para serem usados apenas durante uma semana ou esporadicamente. Esses prédios serão destinados para uma utilização que transcende as vontades e compreensões individuais sobre o patrimônio público. Nesse cenário, poderia alguém pensar que estaríamos segregando os produtores rurais?

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades […] Tomando sempre novas qualidades” (Luís Vaz de Camões). Mudam-se as necessidades e, para continuarmos crescendo e contribuindo para a sociedade, devemos realizar mudanças que, às vezes, causam desconforto a alguns setores, mas beneficiam a Instituição e, consequentemente, a comunidade como um todo.”

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3 Comentários

  1. Discordo totalmente Vinícius, teu comentário é prova do teu desconhecimento em relação a Expofeira de Santa Maria. Está claro que a atual gestão da Ufsm nada mais é um reflexo da Gestão da União, ou seja, de vaporizar as classes produtivas do pais, priorizando sempre minorias em detrimento daqueles que produzem e fazem a economia girar. A Expofeira, em seus quase 50 anos de existência, sempre foi palco para apresentação de novas técnicas agropecuárias desenvolvidas na Ufsm e também para aproximar a atividade rural da comunidade em geral, assim como ocorre há mais de 135 na Exposição Rural de Palermos em Buenos Aires. Também ocorrem inúmeras trocas de experiências entre produtores rurais, artesanatos, agricultura familiar etc. Apenas com estes pequenos exemplos se pode ter ideia da relevância da nossa Expofeira, e o quão necessária é para a cidade e região. Ao invés de preocupar-se com isso a atual direção da UFSM está mais preocupada em "beneficiar a Instituição", ou seja, mais uma vez beneficiar minorias em detrimento da comunidade. Portanto faço aqui meu protesto e indignação com essa atitude da reitoria da UFSM, totalmente contrária aos ideais do fundador da UFSM, Dr. José Mariano Da Rocha Filho.

  2. Um monte de prosopopéia flácida para acalentar bovinos.
    AGITTEC até o início do ano tinha duas empresas. Alimentos produzidos no Brasil tem tecnologia desenvolvida principalmente por uma autarquia chamada EMBRAPA. Universidades federais também colaboram, umas mais outras menos. Basta olhar o site da editora da UFSM e o da universidade de Viçosa para ver a diferença.
    O resumo da ópera é má vontade e ideologia. "Vamos destinar o espaço para atividades mais 'nobres' do que subsidiar ganhos privados de produtores rurais".
    Frase do ano: "Esses prédios serão destinados para uma utilização que transcende as vontades e compreensões individuais sobre o patrimônio público." Na base do: "vamos utilizar para outra coisa mas vocês são muito burros para entender".

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