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JORNALISMO. Argumentos de Gilmar Mendes contra o diploma não se sustentaram, escreve Paulo Pimenta

Pimenta: “fim do diploma é pauta apenas de meia dúzia de empresários da comunicação que controlam o mercado no Brasil”
Paulo Pimenta: “fim do diploma é pauta apenas de meia dúzia de empresários da comunicação que controlam o mercado no Brasil”

Faz seis anos que o diploma de curso superior em Jornalismo passou a ser desnecessário para o exercício da profissão, por decisão do Supremo Tribunal Federal, tendo a frente seu então presidente, Gilmar Mendes. Nesse período todo, os argumentos que levaram àquela decisão – acesso aos meior de comunicação, mídia mais plural, entre outros – não se sustentaram.

A opinião é do deputado federal (e jornalista, formado na UFSM), Paulo Pimenta, autor de uma Proposta de Emenda Constitucional, em tramitação no Congresso, e que repõe a obrigatoriedade do diploma. Ele a expôs, inclusive, em artigo publicado na sexta-feira, no jornal O Globo. Este, que o sítio reproduz, na íntegra:

Por outra opinião

Passados seis anos da decisão do STF que pôs fim à necessidade do diploma de jornalismo, as perguntas que devem ser respondidas são: ampliou o acesso do cidadão aos meios de comunicação no país? Não. Pelo contrário. A mídia no Brasil está cada vez mais concentrada e menos plural. É possível afirmar que há mais liberdade de expressão, hoje, do que quando o diploma era exigido? Óbvio que não. Entretanto, estes foram os argumentos do ministro Gilmar Mendes para que o diploma fosse recusado pelo STF.

O jornalismo opinativo faz parte da primeira fase do jornalismo. No século XVIII, o jornalista inglês Samuel Buckley (“The Daily Courant”) separou as notícias do conteúdo opinativo. Era preciso diferenciar a informação (objetividade) de opinião (liberdade de expressão). Decorridos mais de 300 anos, parte dos ministros do STF não compreendeu essa necessária diferença.

Jornalismo não é opinião; portanto, não se trata de liberdade de expressão. Também não é verdade que a obrigatoriedade do ensino superior para o exercício da atividade jornalística afronta a liberdade de pensamento, pois ela é garantida a todos, independentemente da profissão exercida.

É curioso observar que, recentemente, em um edital de concurso público do STF para o cargo de jornalista foi exigida formação superior em jornalismo. Ou seja, para ser jornalista no STF tem que ter diploma, mas para atuar no mercado privado de comunicação a Corte não estabelece parâmetros, permitindo até que analfabetos requeiram o registro profissional de jornalista. Aliás, a obstinação pelo fim do diploma nunca foi uma pauta da sociedade, mas de meia dúzia de empresários da comunicação que controlam o mercado no Brasil.

Os prejuízos com a decisão do STF serão mais sensíveis com o tempo. Com menos jornalistas graduados, haverá menos mestres e doutores em comunicação, logo, uma menor produção acadêmica sobre o jornalismo.

O Conselho Federal da OAB, assim como muitas entidades, declarou apoio à Proposta de Emenda à Constituição que restitui o diploma de jornalismo, pois há o entendimento de que a decisão do STF não promove ganho social. Não houve melhora na qualidade do jornalismo, não reduziu o monopólio dos meios de comunicação e nem foram ampliados os espaços de participação popular na mídia. Ao contrário, o campo científico da comunicação está sob incertezas, cursos de jornalismo foram fechados e as relações de trabalho desses profissionais foram enfraquecidas.

A PEC dos Jornalistas já foi aprovada no Senado. A proposta não retira nem um jornalista do mercado, apenas estabelece requisitos mínimos à atuação dos futuros profissionais. A Câmara deve votar essa matéria e, corretamente, referendar a decisão do Senado, reparando o equívoco cometido pelo STF.”

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Um Comentário

  1. Resumindo: Congresso votaria uma emenda constitucional dizendo que a decisão do STF não vale. Em seguida, alguém questiona a constitucionalidade da nova emenda e pede liminar. Volta à estaca zero.
    Problema de diploma é só contribuição sindical e um presumido status dos portadores. Poucas profissões exigem o diploma, a despeito da lei. Area da saúde, direito e contabilidade. Todos os outros são "analistas" de alguma coisa, "projetistas", "auxiliares", etc.
    O resto é um festival de petices. Se o governo quizesse maior pluralidade ampliaria o acesso à internet com baixo custo (como o governo indiano está fazendo). Aqui ficou só no marketing. O objetivo é controlar o noticiário econômico, político, policial… Afinal, as coisas não precisam estar bem, a população tem que "ter a sensação" de que está tudo bem.

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