ELEIÇÃO. Se Sartori não atacar também Ana Amélia, cá; e Aécio ignorar Marina, lá; derrota será inevitável
A levar-se em consideração as últimas pesquisas disponíveis (e os candidatos levam, sim), começa a se desenhar um quadro de quase irreversibilidade. Tanto no que toca ao Palácio do Planalto quanto ao Piratini, há dois ponteiros nítidos e que garantiriam, hoje, seu lugar no segundo turno.
Ao mesmo tempo, também se evidenciam, até aqui, táticas capengas, ou no mínimo inusitadas, tanto num quanto noutro pleito. Bem objetivamente: a menos, como escreveu um analista, há poucos dias, que ambos estejam conformados e já se preparando para participar do governo do vencedor, mais adiante, tanto Aécio Neves, na disputa para Presidente, quanto José Ivo Sartori, para Governador gaúcho, terão que mudar sua campanha.
Na eleição presidencial, a partir do momento em que Marina Silva (dado o infortúnio da morte de Eduardo Campos) assumiu a candidatura, foi poupada por Aécio na mesma proporção em que crescia a intenção de voto da agora concorrente pelo PSB. Como Dilma Rousseff segue do mesmo tamanho, a menos que o tucano resolva atacar Marina, ficará cada vez mais para trás. Quando e se isso acontecerá, não se sabe. Ainda.
Na disputa pelo Palácio Piratini, Sartori sempre esteve atrás, mas a situação é um pouco diferente. Agora, imagina (ou torce, quem sabe) que terá um fôlego extra, por apoiar a candidatura de Marina. Ainda assim, a menos que jogue firme também contra Ana Amélia Lemos, do PP, e não apenas em Tarso Genro, do PT, ficará inevitavelmente no mesmo lugar. Isto é, atrás e fora do jogo do segundo turno – na medida em que parece claro que uma das vagas será mesmo do PT, tradicional ocupante de um terço do eleitorado e que, ao que tudo indica, dali não sairá, no mínimo.
Resumo da opera: até aqui, tanto lá quanto cá, os terceiros colocados terão (se quiserem ter alguma chance) que rever suas táticas de campanha. Ou então ficarão exatamente onde estão. E derrotados, inevitavelmente.
Num mundo ideal os candidatos deveriam apresentar suas propostas e a população escolheria a melhor alternativa. No Brasil, terra do marketing enganador e da chinelagem política, se a proposta não é boa, o negócio é "atacar" os adversários. Afinal, política é guerra.
Não atacam por serem todos farinha do mesmo saco e querem boquinha depois, infelismente estamos nas maos desta gente.