Arquivo

O bom debate. Ronaldo Mota, a burocracia, os partidos, os governos e os últimos românticos

Um interessante artigo do professor Ronaldo Mota, da UFSM e hoje no Ministério de Ciência e Tecnologia, é publicado na versão eletrônica do Jornal da Ciência. Ele trata da participação de entes políticos que trabalham na função pública, por pertencerem a partidos que controlam o Poder.

 

Mota não se utiliza da expressão, que fica para mim: ele se refere, basicamente, aos ditos Cargos de Confiança. Nem todos, percebe-se (e concordo) são “farinha do mesmo saco”. Aliás, muitos podem contribuir bastante – sem que se deixe de lutar por um grupo estável de colaboradores do Estado, mais do que dos governos.

 

Vale a pena ler a reflexão de Ronaldo Mota (na foto da Agência Brasil), publicada com um comentário introdutório. Confira e tire tua própria conclusão. A seguir:

 

“Últimos românticos, artigo de Ronaldo Mota

 

“Preocupa-me podermos ter, gradativamente, um contexto de uma burocracia estatal, que ainda não se consolidou totalmente, acompanhada, cada vez mais, de transitórios com pouca capacidade de formulação e, definitivamente, sem nenhum romantismo”

Ronaldo Mota é professor titular em física da Universidade Federal de Santa Maria, pesquisador do CNPq, assessor especial do ministro da C&T, tendo sido secretário de Educação Superior no MEC. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”:

A pretensão do título é idêntica a achar que romântico é sempre bom. Nem sempre, embora os românticos sempre assim entendam. Portanto, é sim pretensão e é parte inexorável do romantismo.

O governo Lula, restando por findar-se poucos dias a mais que dois anos, sugere balanços, mesmo que parciais, e eles serão muito positivos. Até mesmo onde alguns acharam que não. Mexeu muito, inclusive nas pessoas que administram o país.

Defendo a concepção de uma burocracia estatal estável, permanente, competente e remunerada decentemente. Tudo isso é possível e passos importantes têm sido dados nessa direção, ainda que inconclusa a missão. Mas o tema que quero tratar é outro, ainda que correlato.

Nos sistemas democráticos é desejável que partidos ao terem sucesso eleitoral façam uso de seus quadros, os mais competentes, para auxiliar a formular e implementar as políticas que submeteram ao julgamento popular. É também intrínseco da democracia que os arranjos permitam acomodações de quadros que nem sempre primam pelo desejável domínio da especialidade, fragilizando, de alguma forma, a capacidade de implementação e formulação. É a democracia, com seus ônus e bônus.

Inegável que os últimos governos, Fernando Henrique e Lula, cada qual à sua maneira, ambos propiciaram que uma geração de profissionais menos habituados ao exercício da administração central enfrentassem o desafio. Cada período exigiu que formuladores, motivados por suas convicções políticas e ideológicas, dessem prioridade ao exercício de funções burocráticas, ainda que correlatas ao que faziam anteriormente, e tivessem oportunidades que lhes pareciam, no passado, menos próximas.

A nação tem presenciado os melhores formuladores, em cada distinto governo, sempre legitimados pelo referendo popular, realizar o exercício prático de suas idéias. Que mais pode querer de bom um país?

Com romantismo, mas sem prejuízo da apreensão correta da realidade, todos têm aprendido, acertaram e erraram, mas inquestionavelmente tem se formado um elenco de profissionais que, além de seu fazer específico, aprendeu a auxiliar a governar. Sem medo, sem inibição ou preconceitos com o poder, pelo contrário, se orgulhando de se sentirem governo…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do texto “Últimos românticos, artigo de Ronaldo Mota”, publicado na versão eletrônica do Jornal da Ciência.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo