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Rigotto. Futuro com a família e a luta para fortalecer o PMDB no País, fala o governador

O governador Germano Rigotto foi entrevistado pela equipe do Jornal do Comércio, de Porto Alegre. No encontro, faz uma série de revelações sobre o passado recente, inclusive a derrota na prévia do PMDB, que pretendia escolher um candidato à Presidência da República.

Rigotto deixa claros os motivos pelos quais, na opinião dele, acabou fora do segundo turno da eleição para o governo gaúcho. E também fala do futuro, em que a família e o fortalecimento nacional da sigla de que faz parte parecem ter papel preponderante.

Com certeza, mais que uma mera entrevista, trata-se de um desabafo. E uma confissão de fé no futuro. Afinal, da política ele não vai deixar. Confira você mesmo:

”Rigotto vai atuar forte no PMDB nacional

Dezessete dias depois de amargar uma das mais dolorosas derrotas políticas em seus 30 anos de vida pública, o governador Germano Rigotto recebeu a equipe do Jornal do Comércio na ala residencial do Palácio Piratini para uma avaliação do atual momento político. Em mais de uma hora de conversa, o chefe do Executivo analisou o primeiro turno da eleição estadual, fez um balanço de sua atuação à frente do Estado, falou das decepções no campo político e dos planos que começa a alinhavar para 2007. Em tom emotivo, diz que pretende dar mais atenção à família, atuar mais forte dentro do PMDB nacional e deslanchar uma mobilização pelo País visando as reformas política e tributária, que estarão em pauta no Congresso Nacional, no próximo ano.

Jornal do Comércio – Qual foi sua maior decepção política em 2006: a derrota na convenção nacional do PMDB, quando pretendia sair candidato a presidente, ou ficar de fora do segundo turno do pleito gaúcho?
Germano Rigotto – O fato de não ter conseguido ser candidato à presidência, assim como ter ganho de Anthony Garotinho diante daquelas fórmulas absurdas, acabou fazendo com que a cúpula assumisse uma posição contrária, boicotando o processo. Isso foi péssimo para o PMDB nacional e para o Rio Grande, não tenho dúvida de que seria importante ter uma alternativa forte ao PT e ao PSDB. Teríamos tempo na tevê e não estaríamos sozinhos, mas em companhia de partidos como PPS e PTB. O PDT, e o próprio Cristovam Buarque, declarou que com minha candidatura haveria um entendimento. Bastava convencer os peemedebistas espalhados pelo Brasil e teríamos uma candidatura forte.
Foi uma decepção não ter avançado com a candidatura nacional mesmo vencendo uma prévia, mesmo sentindo que em pouco tempo consegui mobilizar importantes parcelas do PMDB nacional, e não consegui ser candidato, sabendo que dispunha de espaço para crescer. Não me arrependo de ter sido pré-candidato à presidência. A decisão foi correta porque era importante para o Rio Grande, para o PMDB e para o processo eleitoral em nível nacional. Mas isso acabou prejudicando a candidatura do PMDB no Rio Grande. Na questão do governo do Estado, uma segunda decepção.

O meu projeto de concorrer à presidência fez com que os partidos no Estado, que estavam na base de sustentação do governo, decidissem por lançar seus candidatos. Mesmo depois que terminou o processo da candidatura à presidência, demorei para assumir a candidatura a governador. Isso acabou consolidando a posição dos partidos que estavam comigo no governo que lançaram suas candidaturas e ficaram impossibilitados de voltarem atrás. Se tivesse assumido a candidatura a governador, antes de pensar em uma pré-candidatura à presidência, teria a maior parte dos partidos comigo e esta eleição terminaria com um cenário completamente diferente e com chance de definição ainda no primeiro turno. Mas, uma eleição com dez candidatos fortes, sendo dois ex-governadores e dois ex-ministros, significa uma eleição em dois turnos.

JC – O senhor cogitou se afastar do governo para se dedicar à campanha. Por que isso acabou não acontecendo?
Rigotto – Para me dedicar à candidatura seria necessário entregar o governo para o presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Marco Antônio Barbosa Leal, uma vez que Antonio Hohlfeldt (vice-governador) e Fernando Záchia (presidente da Assembléia Legislativa), eram candidatos. Desde o início do governo passei por todas as dificuldades financeiras contendo gastos, tomando decisões importantes, controlando tudo na boca do caixa. Numa situação financeira difícil, que necessita dedicação e atenção, não posso simplesmente entregar o governo para o presidente da Assembléia ou para o presidente do TJE por mais de dez dias. Não que eles não tivessem condições de governar, mas leva tempo para se inteirar da situação do Estado e as decisões devem ser tomadas no dia-a-dia.

Também paguei um alto preço por não permitir que as questões de campanha interferissem nas de governo. Assumi uma posição radical quanto a essa questão. Na função de governador evitava falar da campanha e isso acabou por reduzir o tempo de dedicação a ela. Os dez dias que previa de afastamento não foram inviabilizados porque a Procuradoria alertou que a legislação poderia dar margem a uma impugnação. Resolvi não me afastar e, com isso, não tive tempo para fazer um trabalho mais forte na reta final.

JC – As pesquisas divulgadas na semana anterior à eleição também podem ter contribuído para que o senhor ficasse fora do segundo turno?
Rigotto – As pesquisas também foram outro fator preponderante. Elas induziram a migração de votos meus com a intenção de definir o segundo turno e acabei ficando fora. Esse movimento começou com a pesquisa do Methodus, depois com a do Correio do Povo e, por fim, com a do Ibope. E-mails foram enviados assegurando minha posição no segundo turno procurando influenciar o voto em outro candidato. Não acreditei nas pesquisas e comecei a alertar os prefeitos peemedebistas preocupado com a migração de votos. Não contei com a migração rápida dos votos, mas atualmente contamos com a disseminação de informações por causa da internet.
Por isso, acredito que as pesquisas não deveriam ser divulgadas no período de dez dias antes da eleição. Outro fator importante para que o resultado não fosse o que queríamos foi a votação nos Vales do Paranhana, do Sinos e do Rio Pardo, inferior ao que esperávamos. Houve uma responsabilização do nosso governo pela crise dos setores coureiro-calçadista e fumageiro quando, na verdade, a responsabilidade é da política cambial. Fiz tudo o que estava ao meu alcance para amenizar os efeitos da política cambial. É claro que os partidos procuraram fugir da responsabilidade e jogaram o problema no governo do Estado. Outros, para beneficiar seus candidatos, ajudaram a disseminar a culpa sobre o governo.

JC – O fato de ter mantido em cargos de comissão nomes indicados por partidos que, mesmo aliados ao seu governo, lançaram candidatos próprios pode ter sido um revés à sua candidatura?
Rigotto – Não, os poucos que ficaram em cargos em comissão de partidos que estavam no governo entendiam que era importante permanecer pela sua atuação e contribuição. Essas pessoas também eram uma ponte para conseguirmos apoio no segundo turno. Não íamos decidir a eleição no primeiro turno. Isso não prejudicava ou interferia porque deixei muito claro para não misturar as questões de governo com eleição. A campanha deveria ser feita fora do expediente e essas pessoas, mesmo neste horário específico, não obtiveram uma grande atuação durante o processo eleitoral.

JC – Como é para o político Germano Rigotto ficar sem mandato pela primeira vez em 30 anos de vida pública?
Rigotto – Não me preocupo. Isso acontece com diversos políticos. É natural na vida pública, que não é feita só de vitórias. Esses momentos são importantes para se fazer uma reciclagem. Não ter a responsabilidade do mandato possibilita fortalecer o aprendizado e cuidar um pouco da minha família. Possibilita ainda dispor de uma maior influência na questão do partido em nível nacional. Tenho hoje um trabalho reconhecido nacionalmente na reforma tributária. Toda esta bagagem e conhecimento vão permitir retomar esta discussão mesmo sem o mandato, sem ser congressista ou estar no governo.

JC – O plano de disputar a presidência da República pode ser retomado em 2010?
Rigotto – Pretendo terminar o governo concentrando os esforços até o dia 31 de dezembro. Não podemos negligenciar o governo em função do resultado das urnas. Tomaremos as medidas para uma transição tranqüila, disponibilizando as informações e dando condições de trabalho para quem assumir o governo. Com relação à sucessão no comando do PMDB no Estado, não há a possibilidade de eu assumir a presidência…”


SE DESEJAR ler a íntegra da entrevista, pode fazê-lo acessando a página do Jornal do Comércio na internet, no endereço http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoNoticia=2567&pCodigoArea=35.

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