PT tem que ser humilde, diz Paulo Pimenta

O deputado Paulo Pimenta quebrou o silêncio dos últimos dias. Se bem que o fez através de sua assessoria de imprensa, que distribuiu uma entrevista, feita obviamente por ela.
      Vou reproduzir o material por pelo menos duas razões que, suponho, sejam de interesse público.
      Uma delas é o fato de o parlamentar reconhecer os equívocos petistas e oferecer a sua receita para o problema.
      E a outra é que ele fala, outra vez, sobre o episódio em que se envolveu, na garagem do Congresso, com o publicitário Marcos Valério, logo após este ter sido inquirido pela CPI do Mensalão. Comissão, aliás, da qual Pimenta se viu obrigado a renunciar, por falta de objetivas condições políticas, após o episódio.
      Eis a entrevista:
     
      Pimenta: O PT vai sobreviver a esta crise
     
      Desde que assumiu o mandato na Câmara Federal, o deputado Paulo Pimenta (PT/RS) sempre esteve na linha de frente do governo do Presidente Lula. Amigo e pessoa de confiança do presidente nacional do PT, Tarso Genro, ele revela sua convicção: o PT vai superar a crise e com humildade será um partido melhor depois de todos estes episódios. Com posições fortes e sem meias palavras, Pimenta afirma: temos que expulsar do partido todos os que se envolveram em irregularidades.
      Você confia no futuro do PT? Com certeza. O PT é muito maior do que este momento difícil. A justa e honesta indignação revelada na base do partido demonstra que vamos superar estes episódios. Temos que exemplarmente expulsar do partido todos os que se envolveram em irregularidades. Apurar tudo, identificar os culpados e puni-los é o início do processo de recuperação.
      E o que é preciso para recuperar o discurso e as bandeiras históricas do PT?
      Em primeiro lugar, humildade para reconhecer nossos erros. Com transparência e, passando tudo a limpo, vamos demonstrar que não compactuamos com o que foi feito. Não deixaremos de acreditar nos nossos sonhos e o nosso compromisso de buscar um Brasil melhor permanece inabalado.
      Como o senhor avalia o governo Lula nesse contexto?
      Se analisarmos os números do governo Lula, veremos quanta coisa boa ele tem feito. São mais de 100 mil novos empregos com carteira assinada por mês. Controlamos a inflação e retomamos o crescimento. Nunca se combateu tanto a corrupção e os investimentos nas áreas sociais, na infra-estrutura e na agricultura cresceram sensivelmente. É hora de acelerar a transição e tirar do centro da política econômica o superávit primário e investir mais ainda para continuar crescendo e gerando emprego.
      Como é a sua atuação neste quadro de crise? Desde o início pautei minha atuação pela busca permanente da verdade. Dentro e fora do PT. Não acredito nas palavras do senhor Marcos Valério e sei que ele mente e protege alguns nomes que não quer revelar. Quero ver toda a verdade revelada, doa a quem doer. Não quero só meia verdade. Investigar só 2003 e 2004 é insuficiente. São várias as provas que este esquema vem desde 98, e quero ver os dados de 2000 e 2002, que até agora não apareceram.
      Como o senhor avalia os que criticam sua ação na busca de provas, fazendo contato direto com Marcos Valério?
      Se eles dão crédito para o que diz o “Toninho Barcelona”, doleiro condenado a 25 anos de cadeia, porque não investigar documentos e depósitos que podem revelar um esquema muito maior. Se a intenção é me intimidar, garanto que não desisti de continuar investigando.
      O senhor considerou um excesso sua atitude?
      Um excesso na busca da verdade. Tenho um perfil investigador. Vou a fundo no que posso. Sempre trabalhei assim. Não temo ir de peito aberto porque não devo nada a ninguém. Quero ver Marcos Valério e todos os que se envolveram nestes esquemas pagando pelos crimes que cometeram.