Luto. Com a morte de Gilberto Benetti, se vai um dos precursores da luta democrática na UFSM

Será sepultado depois das 4 da tarde, no cemitério Jardim Santa Rita de Cássia, o corpo de Gilberto Aquino Benetti. Ele está sendo velado desde a madrugada, no salão Imembuí, do prédio da reitoria da UFSM, no campus, em Camobi. Morreu, segundo as informações de que disponho, em decorrência de problemas cardíacos.

 

Benetti, que há alguns anos atuava em Brasília, e ultimamente no Conselho Nacional de Educação, tem lugar garantido entre os que lutaram pela efetiva democratização da UFSM. E de um tempo muito duro para professores, servidores, estudantes e a própria sociedade.

 

Há quem não tenha memória. Não é o meu caso. Inclusive porque estava na instituição em 1981. Foi neste ano, que por iniciativa das entidades que representavam os três eixos da Universidade, aconteceu uma eleição direta para reitor. Todos sabíamos que o resultado não seria seguido, como não foi. Mas era uma forma de mostrar que não estávamos inertes. Ao contrário, bastante ativos.

 

Foi nesse momento que se projetaram várias lideranças. Uma delas, Gilberto Benetti. Ele colocou seu nome numa cédula com outros seis. E foi “eleito” para a lista sêxtupla que, mais tarde, seria solenemente ignorada pelos conselhos superiores da UFSM, ainda sob o jugo do regime militar.

 

Não esqueci. Nem a Universidade. Tanto que, quatro anos depois, quando eu e muitos outros já havíamos saído, enfim Benetti foi eleito pela comunidade da UFSM e pelos Conselhos. E foi referendado pelo Presidente da República da época, João Figueiredo.

 

É bom não esquecer de algumas coisas. Essa é uma delas. E manter a memória talvez seja, para quem não tem relações pessoais com Gilberto Benetti, uma forma de justamente homenageá-lo. Faço isso. Ele deixará saudade. Confira o material que publiquei perto da meia noite desta segunda-feira, quando noticiei a morte do professor. Ah, a foto foi cedida pelo arquivo do jornal A Razão. A seguir:

 

“EXTRA. Morre Gilberto Benetti, primeiro reitor da UFSM eleito pela comunidade universitária

 

Está prevista a chegada para daqui a pouco, às 2 da manhã, o corpo de Gilberto Aquino Benetti, falecido na madrugada deste domingo em Brasília, onde residia já há alguns anos. O velório acontece no Salão Imembuí, da reitoria da UFSM, e o sepultamento será realizado às 4 da tarde desta segunda-feira, no cemitério Parque Jardim Santa Rita de Cássia, em Camobi.

 

Benetti, com 65 anos completados no início de março, foi o primeiro reitor eleito diretamente pela comunidade universitária, em 1985. A propósito disso, e também sobre a trajetória de Gilberto Aquino Benetti, confira material publicado pelo sítio oficial da Universidade Federal de Santa Maria, cujo atual reitor, Clóvis Lima, decretou luto oficial de três dias na instituição. Acompanhe:

 

“Morre Gilberto Aquino Benetti, ex-reitor da UFSM

 

Morreu na madrugada deste domingo, 20 de abril, o professor Gilberto Aquino Benetti, ex-reitor da instituição. Benetti foi o quinto reitor da UFSM, no período de 23 de dezembro de 1985 a 22 de dezembro de 1989. Foi o primeiro reitor da UFSM eleito diretamente pela comunidade universitária. Atualmente desempenhava atividades no Ministério da Educação, em Brasília.

O corpo deverá chegar em Santa Maria por volta das 2h desta segunda-feira, 21 de abril. Será velado na Sala Imembuí, segundo andar do prédio da Reitoria, campus da UFSM. O sepultamento será realizado segunda-feira, 21 de abril, às 16h, quando o féretro sairá da Reitoria para o Parque Jardim Santa Rita de Cássia, em Camobi.

Gilberto Aquino Benetti era natural de Santa Maria. Nasceu em 7 de março de 1943. Era engenheiro civil, formado pela primeira turma de Engenharia Civil, em 1966, na antiga Faculdade Politécnica da UFSM.

A data de admissão na UFSM, como professor auxiliar de ensino da Faculdade Politécnica, é 1º de janeiro de 1967. Exerceu suas atividades docentes junto ao Departamento de Estruturas e Construção Civil.

Em 22 de maio de 1973, foi designado coordenador do Curso de Engenharia Civil. Em 14 de julho de 1977, designado decano pró-tempore do Centro de Tecnologia. Em 22 de março de 1978, tomou posse como decano do Centro de Tecnologia. Em 23 de dezembro de 1985, tomou posse como reitor da Universidade Federal de Santa Maria. Em 8 de fevereiro de 1995, aposentou-se na Instituição.

Há vários anos residia em Brasília. De 1997 a 2001 coordenou o Programa de Modernização e Consolidação da Infra-Estrutura das Instituições Federais de Ensino Superior. De 2001 a 2004, foi consultor do Ministério da Ciência e Tecnologia. Em setembro de 2004, foi contratado pela UNESCO para assessorar a Secretaria de Ensino Superior do MEC. Assumiu mais tarde a função de secretário-executivo do Conselho Nacional de Educação (CNE/MEC), na vaga deixada pelo professor Ronaldo Mota.

Era casado com a prof. Sônia Maria Ferro Benetti, docente aposentada do Colégio Técnico Industrial da UFSM. Deixa duas filhas, Letícia e Geórgia.”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, outras informações oriundas da assessoria de comunicação da UFSM.