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CAÇAPAVA. Uma breve história do design em 100 peças do acervo da Casa de Cultura Juarez Teixeira

Mostra traz objetos de origem francesa, alemã, italiana, inglesa e brasileira

O espaço art déco é uma das maravilhas em exposição na Casa de Cultura Juarez Teixeira, em Caçapava (Foto Gisele Teixeira/Divulgação)

Por Gisele Teixeira / Da Casa de Cultura Juarez Teixeira

A Casa de Cultura Juarez Teixeira (CCJT), de Caçapava do Sul, inaugurou em 1º de abril a exposição Objetos Cotidianos, um breve passeio pela história do design. São exibidas 100 peças datadas a partir do século 19, que mostram como a produção de movimentos internacionalmente influentes, especialmente do Ecletismo, Art Nouveau, Art Déco e Moderno, foi reelaborada, chegou até o Pampa e passou a fazer parte do nosso cotidiano.

A mostra inclui objetos de origem francesa, alemã, italiana, inglesa e brasileira, incluindo alguns projetados e produzidos no Rio Grande do Sul. “Optamos por focar em objetos, deixando de fora outras especialidades do design, pois é essa a característica do acervo da Casa. Pela mesma razão, a mostra abrange predominantemente o século 20, com recuo ao século19 para melhor contextualizar a evolução dos estilos”, explica o curador Ricardo da Silva Mayer, designer graduado pela UFSM e mestre em Patrimônio Cultural pela mesma Universidade.

O conjunto composto por móveis, porcelanas, vidros, aparelhos elétricos e eletrônicos, acessórios de moda, relógios, etc, pertencente em sua maioria ao acervo da CCJT, mas também inclui peças emprestadas pela comunidade. Juntas, elas nos ajudam a compreender o desenvolvimento estético e técnico da produção industrial no ocidente, no Brasil e também no Rio Grande do Sul, refletindo hábitos e costumes de nossa sociedade.

Entre as peças mais significativas da exposição está uma cadeira de balanço que pertenceu à bisavó do proprietário da CCJT, Juarez Teixeira, um tipo de móvel que não podia faltar nas casas, sendo usada para tirar uma soneca, amamentar e fazer dormir os bebês. A cadeira é uma versão da linha projetada pelo designer e fabricante alemão Michael Thonet, estabelecido em Viena no século 19, cujos móveis com estrutura de madeira vergada foram radicalmente inovadores em sua época, não apenas pela simplicidade e elegância, mas por ser resultado da invenção de um sistema de produção e distribuição que permitiu que sua linha de móveis fosse exportada para todo o mundo ainda fosse copiada ou recriada por outros fabricantes. Esse tipo de móvel, que prenunciou o design Moderno do século 20, chegou até o Sul do Brasil via importação e, posteriormente, também foi fabricado em Porto Alegre pela extinta Móveis Gerdau.

Outro destaque, neste caso no âmbito do design produzido no Rio Grande do Sul, é um conjunto de talheres para camping projetado por José Carlos Bornancini e Nelson Petzold na década de1970 para Zivi-Hércules. Com linha simples, econômicas e inteligentes, a colher e o garfo se encaixam no cabo da faca.

“O conjunto alcançou prestígio internacional, sendo incluído na seleção de objetos de bom design pela loja do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, Moma, e também integra o acervo do Museu da Casa Brasileira em São Paulo”, informa Ricardo. De autoria da mesma dupla de designers, a exposição traz os talheres infantis que alegraram as refeições de crianças por várias gerações.

Mas além de itens que são referências em design, o visitante poderá ver objetos que podem fazer parte da história de muitas famílias e do dia a dia dos gaúchos e, assim, despertar o olhar para a atividade de projeto e produção dos artefatos que nos rodeiam e que comprem inúmeras funções em nosso cotidiano, ainda que passem despercebidos.

Design Vernacular

A mostra inclui ainda objetos de design vernacular, que não é exatamente um estilo, mas uma categoria deobjetos sem período definido e bastante presentes nodia a dia das classes populares, incluindo as do meiorural em nossa região.

São artefatos frequentemente produzidos pelos próprios usuários, ou em sua comunidade, apropriando-sede subprodutos da indústria, como embalagensmetálicas, ou de elementos naturais de fácil acessocomo madeira, porongo, couro e chifre. O objeto vernacular diferencia-se do objeto artesanal por privilegiar as funções práticas, ainda que possareceber alguma ornamentação.

Nessa categoria, o curador destaca uma bengala executada em um só galho de madeira, sem emendas, que pertenceu à sua avó paterna, e é um exemplo de solução funcional e muito criativa desenvolvida pela população.

Objetos Cotidianos

Até 2 de junho. Visitas guiadas com o curador

Casa de Cultura Juarez Teixeira – General Osório, 730. Caçapava do Sul

De quintas a domingos, das 10h às 12h e das 14h às 17h30. Entradas R$ 5.

Whatsapp 55 99696.1582

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